O Desafio Literário de Junho trazia o tema Viagem no tempo, e seguindo diversas recomendações, escolhi A Máquina do Tempo, uma história que já foi pro cinema (em duas versões de 1960 e mais recente, de 2002). Não vi o primeiro filme, mas vi fragmentos do segundo, e posso dizer, foi apenas inspirado no livro, tendo um outro final. Aliás, final este que acaba fugindo um pouco da lógica da coisa: se o viajante no tempo não voltar, quem conta sua história?
A Máquina do Tempo é um relato curioso, por várias vezes parei para dar uma verificada na data da obra e checar o que estava acontecendo na época (1895). O autor coloca observações um tanto pesarosas com relação a expectativa da humanidade. Bem, talvez ele não tenha sido tão cruel assim. O viajante no tempo, assim como é chamado o “mocinho”, é um cientista muito dono de si, certo de que seu invento funciona, e após uma pequena demonstração acaba testando ele mesmo seu invento. Sem planos ou perspectivas, ele apenas deseja saber aonde a humanidade irá chegar. E, como podia-se esperar, volta e conta sua história. Serve para reflexão, apesar que achei um tanto depressivo. Talvez o filme tenha tido a ideia de suavizar essa depressão toda, mas perde-se em detalhes.
Minhas impressões: vale a pena pelo tamanho da obra. Acredito que o fato de ser um tanto quanto direta tenha amenizado o fato depressivo e medonho de sua visão futurista da humanidade. Sua máquina do tempo funciona de modo vertiginoso, claro, prefiro o Delorean do Dr. Brown, parece mais confortável, mesmo pensando no trabalhão que dá em buscar combustível. Vale a leitura, a fins de conhecimento e, dizer que leu, só. Espero ter deixado claro que ver o filme não é nem de longe a mesma coisa, não valendo nem como resumo, acabam sendo histórias bem distintas, com pequenas correlações.
“Desconfiamos de sua inteligência, como desconfiaríamos da inteligência de um Deus que mantivesse céus e infernos. Deus, escreveu Spinoza (Ética, 5, 17), não abomina ninguém e não ama ninguém.”
Nota 3 (1 – 5) .
Título: A Máquina do Tempo
Número de páginas: 126
Ano de publicação: 1994
Beijinhos
1 Comments
Sabe aquela história do autor que morre e fica “agonizando” na tumba ao ver o que fazem com sua obra? Pois é o que deve ter acontecido com o inglês H.G. Wells se ficou sabendo o que fizeram com sua novela A Máquina do Tempo, publicada em 1895 e adaptada pela segunda vez para o cinema. É difícil encontrar alguma coisa do qual se possa falar bem desta atual versão. Primeiro que tudo parece uma grande sessão da tarde. O mocinho Alexander Hartegen (Guy Pearce) é um cientista que, motivado por uma tragédia pessoal, inventa uma máquina do tempo. A partir daí ele viaja para algumas épocas distintas e percebe que não é possível mudar sua sina. Alexander passa por um ano onde um colapso lunar muda a história da Terra. Em meio a tanta desordem comete um erro e sua máquina vai parar depois do ano 800 mil. Para esta época H.G Wells inventou um planeta dominado por duas tribos rivais, os elóis e os morlocks. No filme, o primeiro grupo conta com a bela Mara (Samantha Mumba) com quem o cientista-herói naturalmente se apaixona. O inimigo é Uber-Morlock (Jeremy Irons), que habita um mundo subterrâneo. O diretor Simon Wells e o roteirita John Logan parecem não ter conseguido dar a seriedade necessária para a história. Provavelmente não banalizaram o clássico de H.G Wells de propósito. Mas tentaram fazer um filme de aventura para adolescentes, adaptando o que não servia para isso. Os efeitos especiais é que dão um pouco mais de qualidade ao filme. Ao contrário da máquina da trilogia “De Volta para o Futuro” (Robert Zemeckis, 1985, 89 e 90), que aterrissava no mesmo local na época em questão, a engenhoca de Hartegen fica parada e o cenário ao redor é modificado. As cenas de construção e desconstrução do mundo são o ponto mais interessante do filme. Aí é que devem ter ido parar os U$ 70 milhões da produção.