Para o Desafio Literário do mês de novembro, com o tema escritor africano, tive uma experiência cômica com O Último Voo do Flamingo. Ueba, estou em dia! Só falta julho, me aguardem. Tudo bem, passei o livro inteiro imaginando o autor duma forma, e ao final, em um agradecimento, tudo foi por terra. Sou a favor de orelhas com mini biografia e foto, humpf. Eu só sabia que sua origem: Moçambique. Caso se interesse em saber mais, só buscar por aqui, que o Google é uma mãezona. 😀
A história é pura política, claro, super mega mascarada, cheia de metáforas e entrelinhas. Situa-se na época em que Moçambique tentava sua independência. Passa-se numa cidade fictícia: Tizangara, e que com toda certeza pode ser associado a qualquer um real. Estão a procura da causa do desaparecimento de alguns soldados. O que na realidade, todos sabem, mas omitem e histórias vão sendo contadas em seu meio, misturando-se a crenças locais, e junta-se a ingenuidade do povo, e dá nisso: o Flamingo resolve dar seu último voo.
Como foi a leitura? Bem, sendo super mega sincera: chatíssima no começo, e hilária no meio, e “termina logo pow” no fim. A princípio parecia um livro engraçado, mas ficou cheio de firulas, o que me deixou um pouco enjoada, mas depois, o ritmo melhorou, e passou a ser bem tragi-cômico. Ao final, bem, eu já estava curiosa para saber a verdade, e queria saber o que raios o flamingo significava. Resumindo: adorei a metáfora. Adorei viver um pouco essa cultura tão diferente, e tão igual a nossa. Irmãos de língua, porém, difíceis de se entenderem.
“E falou. Queria ir lá para onde não há sombra, nem mapa. Lá onde tudo é luz. Mas nunca chega a ser dia. Nesse outro mundo ele iria dormir, dormir como um deserto, esquecer que sabia voar, ignorar a arte de pousar sobre a terra.”
“Então ela contou. Eu repetia palavra por palavra, decalcando sobre a voz cansada dela. Rezava: havia um lugar onde o tempo não tinha inventado a noite. Era sempre dia.
Até que, certa vez, o flamingo disse:
– Hoje farei meu último voo!
As aves, desavisadas, murcharam. Tristes, contudo, não choraram. Tristeza de pássaro não inventou lágrima. Dizem: lágrima dos pássaros se guarda lá onde fica a chuva que nunca cai.”
Nota 4 (1 – 5) .
Título: O Último Voo do Flamingo
Número de páginas: 228
Ano de publicação: 2000
Beijinhos